Estados de Alma


Ir ao hiper aos domingos pela manhã não é uma boa política. Lá ando eu, acompanhada pelos meus paizinhos e a cruzar-me com casais enamorados, com os filhotes amorosos nos carrinhos a fazerem as compras da semana. Sei que pareço amarga e, em certa medida, sinto um certo azedume por ainda não ter conseguido encontrar o meu ponto de equilíbrio. Tem sido difícil aceitar o facto de me ver sozinha, sem uma família minha, sem a presença de uma pessoa especial que me faça sorrir.
Não tem aparecido ninguém que me faça virar a cabeça e, sinceramente, acho que eu não estou propriamente disponível. A mágoa ainda é muita e ainda custa pensar nas coisas. Saber que ele já está de casamento marcado, a viver com ela e a trabalhar para a empresa da família dela (sim, deixou o emprego na câmara e foi estagiar para a empresa de construção da família dela como engenheiro estagiário) faz-me ver o canalha que ele é. Um interesseiro que usa todos aqueles que lhe passam pela vida. Quando se farta, desliga e deita fora. Mas mesmo assim, saber que grande parte daquilo que vivi foi uma mentira, causa-me uma grande tristeza. Sei que quando casou já não me queria e, no dia em que me vesti de noiva, a única pessoa que me interessava vestiu-me de palhaça.
Isto são coisas que custam a sarar. Por isso, quando vejo uma família feliz, não tenho inveja, tenho sim uma imensa pena de provavelmente não vir a ter essa alegria. Posso ser feliz, sei que posso mas por enquanto é isto que sinto.

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